POENTE DE AMOR
No horizonte fatal da minha vida
O Sol vai-se pondo docemente
E eu estático, fronte erguida
Reconheço enfim solenemente
Que tudo em mim é fé perdida
Na solidão tristonha de um poente
E tu que minha alma amargura-te
Não me deixes só um só momento
Redime esta amargura que causaste
Não afastes de mim teu pensamento
A fonte do amor tu a secaste
Com rubras labaredas, vão tormento
Mas as feridas abertas que deixaste
Só em teu corpo causaram sofrimento
O meu já nada o pode magoar
Venceu o desalento a feroz dor.
Tudo ofereço, tudo dou...Sem poder dar
Apenas para merecer o teu amor
Mas só ouço a tua voz a murmurar:
«Amigos, amigos por favor...»
E nada mais de ti posso esperar.
Esmaga, estrangula, esfrangalha
O que ficou da vida que eu vivia
Do passado não deixes nem migalha
E um dia, quando já nada restar
Quando só cinzas houver do que te amou
Sentirás remorsos de acabar
O que um dia outra mulher começou
Não me lamentes, segue antes teu caminho
Eu ficarei à espera eternamente
E se a outro ofertares o teu carinho
Ao beijá-lo nos lábios docemente
Recorda aquele que ainda está sozinho
E que da vida se afasta lentamente.
Na solidão tristonha de um poente
O destino quase tudo me levou
Queimou a fé e a esperança em fogo ardente
E de ti só a saudade me deixou.
Guta Saqntos