Vale a pena perdoar
Guta Santos
Vai terminar meu calvário
Ao longe no campanário
Soa sexta badalada
Volta para casa o devasso
De mansinho passo a passo
Sobe descalço a calçada
Abre a porta sem ruído
Com medo de ser ouvido
Pela parva que está deitada
Tropeça atropela a cama
Do ciúme apago a chama
E finjo não dar por nada
Depois deitasse a meu lado
Sinto seu corpo gelado
Suspirou e adormeceu
Onde andou ? Sei muito bem
Mas a outra que ele tem
Nem sequer o aqueceu
Está magro, mal encarado
Cheira a noitada e a fado
Mas é tão lindo o estupor…
Perdoar a quem se ama
Manter acesa essa chama
Não é fraqueza, é amor
Sou parva, mas que fazer?
Meu amor faz-me sofrer
Pode não valer vintém
Não me bate, não é bruto
Depois, lavado e enxuto
Está novo, que mal tem
GUTA SANTOS - Março
de 2008
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